a dor muda você
eu já mudei tantas vezes que já nem sei mais…
e me parece que somos tão primatas que só aprendemos com a dor; o bebê aprende que fogo queima depois de se queimar, o poeta aprende a discorrer suas palavras depois de sofrer, os apaixonados se emburrecem pra depois perceberem que nada disso existia, os viciados caem no fundo do poço e só depois descobrem que é lá que existe a água mais alcalina pra se beber… e tantas outras mais dores. enfim, sigamos!
e sempre que eu entro num lugar de “não saber muito”, eu acho uma sabedoria! cruz credo ser uma pessoa que acha que sabe de tudo, deve ser um asco estar na pele de alguém assim, eu gosto mais é da dúvida, da incerteza, de ser fiel aos seus desejos e instintos, do lance de se desconstruir, de não cristalizar, não parar no tempo, de assumir que não tenho nenhum manual de como é ser um ser humano.
eu gosto de pensar que múltiplas personas nos compõem e que em cada determinado momento da vida, chamamos alguma dessas versões pra coexistir no nosso espaço-tempo particular, ela nos ensinar algo, até partir-se ou se transformar em outra coisa, numa nova persona. já parou pra pensar que a gente não existe senão aquilo que nos perpassa a cada segundo?
a presença dos arquétipos na nossa vida é maravilhosa, porque você meio que chama um biotipo mitológico pra vivificar o seu ser. e pensando um pouco além do próprio umbigo e sabendo que tudo está interligado, a teia se estabelece e a conexão se faz real. ultimamente tem rolado essa discussão na internet de se chamar arquétipos pra perto de você pra atrair alguém ou ganhar algo, mas mais do que isso, essas forças ajudam a gente a se autoconhecer. se não for algo íntimo e muito valioso só seu, não vale de nada, meu chapa! eu não indico usar arquétipos pra algo ou alguém, que não seja você mesma, pela própria experiência de construir quem você é! as pessoas estão preocupadas demais em fórmulas e devaneios exteriores, e isso é uma tremenda duma cilada. essas forças arquetípicas são importantes demais pra ajudar a gente a se olhar no espelho, se autoconhecer e depois perceber que a força sempre esteve ali, dentro de si, e que num fácil acesso, você consegue as personalizar; ou melhor: si própria personalizar, e mais tarde jogar tudo isso fora.
eu já fui tanta coisa inteira que depois se partiu e foi embora, que às vezes até nem sei o que sou, justamente porque somos múltiplas e mutáveis. eu levaria uma vida toda pra descobrir como é viver e se alquimizar junto das santas crises e dos divinos processos. sou só mais uma doida eu lírico, perdão pelos devaneios cometidos, caro público.
escuta o som do silêncio, cara cronista, e se cure na sua louCura.