cês bem sabem que eu gosto de acumular histórias, camadas e processos pra vir aqui, né? escrever algo que emerge de dentro e que pode sim, daí, tocar alguém, ou não também, tanto faz… escrever por escrever, só pra preencher lacuna, pode ser bom pro algoritmo etc e tal, mas não me preenche de fato nem toca. inclusive, tô de mal com o instagram e seus algo-ritmos depois que ele tirou a checagem dos fatos e começou a apoiar o conservadorismo.
mas xô, que se foda eles e seus machos capitalistas, vamos falar de coisas boas, vamos falar de tekpix rs… falando de coisas marcantes, eu percebi como uma novela teve o poder de me marcar pra caramba… comecei a maratonar mulheres apaixonadas - sim eu tô nostálgica, querida leitora; o mundo tá acabando, tem tanta coisa fora e dentro acontecendo, que o que me resta é ficar melancólica e nostálgica mesmo. e olha que eu consigo sentir o cheiro da bruninha de 12 anos que assistia essa novela. eu era bem vagabundinha mas apaixonada; nessa época meus pais já estavam separados, e eu via alguns capítulos (a maioria) na casa da minha mãe e outros na casa do meu pai. amava ouvir a trilha sonora, tinha muita coisa da novela que eu não entendia ou achava chato mas ficava imaginando os amores que eu viveria, pra quem eu me entregaria com paixão! já era uma doidinha iludida pela disney e pelo maneco.
essa foi uma das melhores novelas de manoel carlos na minha opinião, tinha um elenco de peso, mulheres de peso, trilha sonora boa, história boa e envolvente, era tudo intenso e às vezes arrepiante e até horripilante. assuntos polêmicos de peso nessa trama. quem não lembra das cenas fortes de violência da raquel e do marido que batia nela? das meninas “sapatões” que se amavam e da homofobia que enfretavam, a salete chorando porque um anjo dizia que a mãe ia morrer - e morreu mesmo, numa cena de fazer chorar demais. quem não queria viver um amor igual da edwirges e do claudio? ou quem não desejava (eu ainda desejo) o rodrigo santoro nessa novela? a blasfêmia da menina toda apaixonada pelo padre… e quem não queria estar na abertura da novela embalada por tom jobim e miúcha? tinha a helô extremamente ciumenta que descobriu o mada (mulheres que amam demais) e apresentou o projeto pro brasil todo. aliás, muitas lutas, algumas leis e temas foram apresentados nacionalmente e tiveram grande impacto no nosso país. os tempos de ouro da globo e da teledramaturgia.
“somos amigass, somos irmãsss, somos mulheresss!”
o que eu sei, é que reassistindo, e agora com uma outra cabeça, dá pra se ver muito ali naquelas histórias, e até reconhecer pessoas da sua vida que já viveram roteiros parecidos. eu saquei que ele tratava assuntos problematizados hoje em dia, com uma certa naturalidade e bem menos tabu do que a forma como tratamos alguns deles. será que a gente perdeu a capacidade de falar dos assuntos com voracidade, com verdade?
existe jeito certo de amar? ou o que vale são as tentativas que nos ensinam sobre o que é amor de fato, cada vez mais, de grão em grão, aprendendo esse conceito abstrato que abrange tudo e a todos. eu já disse mais de um milhão de vezes que eu sinto falta de como eu me apaixonava afetivamente pelas pessoas. nessa época eu também tinha o sonho de ser uma atriz de novela da globo!